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terça-feira, 15 de julho de 2014

O Assento da Discórdia


Por: Damián A. Suazo
   
Ser gringo não é fácil. Quem falou isso, não veio para ficar, porque morar fora do seu país é muito difícil, ainda mais quando a língua é diferente. A vida no Brasil apresenta muitas dificuldades para quem não tem o português como língua principal ou não foi criado com as tradições do país a morar.

   Quando você viaja para morar no estrangeiro, seus costumes só contam dentro da sua casa. O que muitas vezes você acha que é normal, muitas vezes ainda, é considerado uma ofensa... Isso foi o que aconteceu comigo.

   No meu país, não é comum achar um cavalheiro, muitas mulheres falam que já não existem mais, que o tempo passa e os cavalheiros são ainda mais difíceis de achar. Eu cresci vendo os atos de cavalheirismo como algo normal, e agradeço isso. Para mim, as mulheres merecem cavalheirismo não por ser fracas ou incapazes de fazer as coisas, mas porque merecem respeito e ser bem tratadas, já que muitos fazem o contrário... E um gesto pequeno, como dar o assento no ônibus, que faz a diferença e é bem visto em minha cultura.

   Quando eu cheguei a Porto Alegre, encontrei uma sociedade diferente. Os homens ficam sentados no ônibus; quando vi isso fiquei surpreso. Uma guria ia de pé no ônibus e eu ofereci a minha cadeira, ela aceitou mas a expressão na sua face era uma coisa de outro mundo.  Ela me via como se eu fosse um bicho estranho.
   
O choque de culturas foi imenso, mas o pior foi quando, também no ônibus, ofereci o assento para uma senhora e ela ficou muito brava e começou a me insultar. Ela se ofendeu quando eu só queria fazer uma boa ação, seguindo os meus costumes.


   Ainda hoje, há quatro meses morando no Brasil, acho muito difícil não ser assim.  É melhor ser insultado a perder os meus costumes, porque por eles sou quem sou, então: brasileira, se um gringo oferece o assento do ônibus, não fique brava.. Lembre que a cultura não é a mesma que a sua.  

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